O número de famílias endividadas no Brasil bateu recorde em 2022. A saber, o número de pessoas com dívidas nunca tinha atingido um percentual tão elevado quanto o do ano passado. E isso mostra que a situação financeira das famílias do país ficou mais crítica que nunca.

De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o endividamento atingiu 77,9% das famílias do país em 2022.

A título de comparação, a taxa havia ficado em 70,9% no ano anterior, ou seja, o endividamento cresceu 7 pontos percentuais em um ano. Em síntese, esse foi o maior avanço registrado pela Peic em um ano.

Confira abaixo as taxas de endividamento nos últimos dez anos:

  • 2013: 62,5%
  • 2014: 61,9%
  • 2015: 61,1%
  • 2016: 60,2%
  • 2017: 60,8%
  • 2018: 60,3%
  • 2019: 63,6%
  • 2020: 66,5%
  • 2021: 70,9%
  • 2022: 77,9%

Os dados acima mostram que o endividamento começou a crescer de maneira mais expressiva em 2019, no primeiro ano do governo Bolsonaro. Já em 2020, quando houve a decretação da pandemia da covid-19, a situação ficou ainda mais séria no país.

Seguindo essa trajetória, o percentual de endividamento cresceu ainda mais em 2021, refletindo o impacto da crise sanitária. No entanto, a situação ficou ainda mais crítica em 2022 devido ao aumento dos juros no país, que reduziram o poder de compra do consumidor.

A saber, o Banco Central (BC) elevou 12 vezes consecutivas a taxa básica de juro da economia, a Selic, entre 2021 e 2022, para 13,75% ao ano. Com isso, a taxa Selic chegou ao maior percentual desde 2016, encarecendo o crédito no país em diversas áreas, como bancária e imobiliária.

Ao mesmo tempo, a inflação elevada fez os brasileiros aumentarem seu endividamento, uma vez que o mercado de trabalho ainda se recuperava dos impactos da pandemia. Em meio a tudo isso, o percentual de famílias endividadas disparou no ano passado.

Veja os grupos mais endividados do país

Segundo a Peic, os consumidores que mais se endividaram em 2022 foram os seguintes:

  • Mulheres;
  • Jovens;
  • 2º grau completo.

Vale destacar que esses grupos figuraram como os que mais viram as suas dívidas aumentarem no ano passado. Contudo, não quer dizer que os demais grupos não sofreram com o endividamento em 2022. Pelo contrário, o aumento dos débitos ficou bastante disseminado, atingindo a maioria da população.

“O ano de 2022 foi especialmente desafiados para as mulheres, mais numerosas entre a população endividada, assim como entre os inadimplentes. Do total de consumidoras, em média 79,5% se endividaram no ano passado, enquanto 76,7% dos homens possuíam algum tipo de dívida, diferença de 2,8 pontos percentuais entre os gêneros”, explicou a CNC.

Ao analisar a faixa etária, a Peic revelou que os mais jovens sofreram mais com as dívidas no ano passado. Em síntese, 78,1% dos consumidores do país com menos de 35 anos estava endividados. Já entre as pessoas com mais de 35 anos, o endividamento atingiu 77,9%. Isso mostra que os percentuais foram bem semelhantes.

Isso também aconteceu quando o recorte foi a escolaridade. A saber, 78% dos consumidores que concluíram o 2º grau contraíram alguma dívida em 2022. Por sua vez, o percentual de endividamento entre os que não conseguiram terminar o ensino escolar ficou em 77,8%.

Inadimplência também atinge nível recorde

Assim como o endividamento, o número de famílias inadimplentes também bateu recorde no ano passado. De acordo com a Peic, quase três em cada dez famílias estava com dívidas atrasadas.

Confira abaixo o percentual de inadimplência dos últimos dez anos:

  • 2013: 21,2%
  • 2014: 19,4%
  • 2015: 20,9%
  • 2016: 24,2%
  • 2017: 25,4%
  • 2018: 24,0%
  • 2019: 24,0%
  • 2020: 25,5%
  • 2021: 25,2%
  • 2022: 28,9%

A saber, o Brasil registrou em 2022 a maior taxa de inadimplência desde o início da série histórica da CNC, em 2010. Aliás, o levantamento não revelou apenas o percentual de famílias com dívidas atrasadas, mas também pesquisa os números de pessoas que não têm condições de pagar as dívidas em atraso.

Nesse caso, o percentual ficou em 10,7% no ano passado, o que representa um leve avanço em relação a 2021 (10,5%). Em suma, o número foi o segundo maior da série histórica, atrás apenas do resultado de 2020, quando 11,0% das famílias do país afirmaram não ter condições de pagar as dívidas atrasadas.

Em resumo, a pessoa inadimplente é aquela que possui dívidas ou contas em atraso. A propósito, há alguns fatores que propiciam o aumento da inadimplência entre os consumidores, como manter mais de um cartão de crédito e não se atentar à própria saúde financeira e às datas de pagamento das contas.

Por isso, para fugir disso e não se tornar apenas um número em pesquisas semelhantes a essa, fique atento à sua situação financeira e faça dívidas apenas se for necessário.

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